quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Trade-offs da Política Econômica



Apenas poucas coisas são consensos absolutos entre economistas, que em geral adoram o debate.   Uma destas coisas é que os recursos são escassos e as necessidades infinitas.   Em outras palavras, o cobertor é curto.  Não dá para cobrir o corpo inteiro.  Se cobrir os pés, as costas ficam descobertas e vice-versa...

Dada a escassez de recursos e os desejos infindáveis todos nós  somos forçados a fazer escolhas, assim como  o governo.  Escolher um objetivo sempre significará sacrificar outros.  Não dá para desvalorizar o câmbio, baixar os juros e gastar mais simultaneamente sem que a inflação aumente.   

Não bastasse o cobertor curto a adoção de medidas gera consequências. O que me faz lembrar outro consenso entre os economistas: “There is no free lunch!”  Normalmente as consequências da política econômica são percebidas nos preços, no consumo e no investimento.

Quando alguém do tesouro nacional diz que haverá em 2013, R$ 85 bilhões em desonerações, pensando na ideia de cobertor curto, isto implica que alguns estão sendo beneficiados as custas de outros.  Então, de certa forma, é como dizer que comer carne é melhor do que ter uma mecânica, ou que produzir IPADS é melhor que aumentar o número de vagas em faculdades... É apenas uma questão de escolha.

O problema é que ao fazer escolhas há consequências ou trade-offs.  Poderia voltar ao exaustivo caso dos preços de energia elétrica. Quando se decide baixar estes preços, a consequência imediata é um aumento no consumo e uma redução dos incentivos para se investir no setor.  Poderia citar o caso do preço da gasolina.  Quando se decide mantê-lo baixo, também se incentiva um maior consumo, que provoca mais importação e que diminui o resultado das empresas produtoras.

Quando se decide desonerar a folha de pagamentos de um setor ao invés de outro, você sinaliza preferência.

Há um trade-off implícito da intervenção que é a conturbação do sistema alocativo.

Além das discussões apaixonada entre  capitalistas e socialistas, parece claro que a falência do segundo se deu pela dificuldade crescente do planejamento econômico e pela ausência do mecanismo de mercado na alocação dos recursos.  A vantagem do livre mercado é permissão das pessoas escolherem o que querem consumir ou produzir, e o resultado destas escolhas é visto nos preços das mercadorias determinados pela oferta e demanda.

Vale um pequeno aposto, com o objetivo de manifestar que não sou um “capitalista ferrenho”, citando 2 livros interessantes novamente: Salvando o Capitalismo dos Capitalistas e  A Sociedade Afluente.  Que são dois livros que abordam de maneira inteligente os defeitos do capitalismo e merecem ser lidos.

Os preços, no livre mercado, sinalizam as vontades dos consumidores vis-a-vis os recursos escassos.  Um exemplo de produtos substitutos pode ser bem ilustrativo do funcionamento dos mecanismos de preços.  

Eu, por exemplo, gosto mais de manteiga do que de margarina.  Mesmo assim, quando vou ao mercado vejo o preço dos dois produtos. Se a manteiga custar R$ 3,00 e a margarina R$ 2,50, eu compro a manteiga que eu prefiro. Contudo, se por alguma razão o preço da manteiga subir para R$ 5 e o da margarina ficar estável, eu vou comprar margarina.  Quando faço isso, reduzo a demanda de manteiga, diminuindo a pressão sobre o preço. Por outro lado, o eventual aumento na lucratividade do produtor da manteiga, atrairá novos investidores que vão ofertar mais produtos.  Então é provável que em algum momento futuro, o preço da manteiga, dada a ação de produtores e consumidores volte a cair um pouco.  Enfim, produtores e consumidores vão provocar um ajuste natural no mercado, que resultará em novas quantidades e preços negociados no mercado de manteiga e da margarina, que possivelmente, também terá um pequeno aumento em seus preços.

Agora, imaginem que, por alguma razão, algum ache que a R$ 5 a manteiga é muito cara e por esta razão decidem dar um subsídio aos 2 maiores produtores de manteiga, para que ela continue sendo vendida a R$ 3.  Neste caso, eu continuaria comprando manteiga, e, portanto, não haveria um ajuste na demanda.  Por outro lado, outros investidores que não receberam o mesmo benefício, não vão produzir mais manteiga...  Além disso, o produtor de margarina, que poderia ser beneficiado pelo aumento da demanda em seu produto deixou de sê-lo.  A consequência é que a quantidade consumida de manteiga e margarina será diferente nesta situação.  O engraçado desta situação é que os trade-offs ou consequências não são claramente percebidos pelos consumidores, já que eles não sabem como seria o mercado sem intervenção. A sensação do consumidor é que ele foi beneficiado, pois é assim que ele se sente.

Entretanto, um trade-off claro desta política é uma redução nos investimentos, não um aumento.  Assim, haverão no futuro menos empregos e menor crescimento.  Posto assim, talvez fique mais fácil de entender o que tem acontecido no PIB brasileiro.

No caso Brasileiro dá-se para tomar a liberdade de adjetivar as intervenções como excessivas, comparando o total de desonerações previstas face ao superávit nominal deste ano: é quase o mesmo valor!   Há uma outra consequência nisto, fatal para os investidores, que é a perda de referências, o que, no mínimo, dificulta o planejamento.

O conselho que eu venderia (afinal não existe nada de graça) é que ao invés de se fazer desonerações pontuais o governo podia iniciar um processo de desarme do que aparentemente fazia parte da herança maldita, que é começar a reduzir o número de tributos e alíquotas para todos.  Por exemplo, com apenas uma parte dos R$ 85 bi, poder-se-ia extinguir o PIS, beneficiando a todas empresas.  Poderiam ainda reduzir a alíquota da  COFINS. A sinalização seria a oposta a que está sendo dada agora.

Se é uma meta do Governo reduzir custo dos empréstimos, por que não zerar a alíquota de IOF para as empresas?

O simples é melhor que o complicado !!

Quando se complica e se administra de forma voluntarista fica fácil entender por que as coisas não andam. No caso do Brasil é fácil entender o IBOVESPA patinando muito longe de suas máximas históricas !

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Cãmbio, os Juros e a Política Econômica em Saint of Paul Oco



Antes de começar o texto, acho justo alertar que Saint of Paul Oco é um país fictício e que quaisquer semelhanças com eventos que ocorram em algum país real é mera coincidência!

Em algum momento, num logínguo século, possivelmente ao redor de 1400 ou 1500, quando as práticas mercantilistas estavam em voga, os conselheiros do Rei em Saint of Paul Oco perceberam que o país deles estava sendo alvo de uma guerra cambial, cujo objetivo maior era destruir a indústria do país.   Naquela época a taxa de câmbio era ao redor de P$ 1,60 (1,60 pauls  por dólar).  E ninguém questionou muito, pois quase todos concordavam que aquela taxa de câmbio estava exagerada. Os pauls estavam mais firmes do que deviam.

Foi então que o Conselheiro Bufão decidiu contra-atacar e disparou sua metralhadora contra os especuladores. E, como os tiros eram disparados à esmo, algumas balas perdidas ricochetearam contra o próprio sistema produtivo.  De qualquer forma, ainda que fossem questionáveis alguns dos tiros disparados, em parte se caminhava para um equilíbrio mais saudável.

Aos agentes dos “mercados”, investidores, empresários e especuladores a grande pergunta era: Qual a taxa de câmbio desejada pelo conselheiro Bufão, que às gargalhadas, além de tiros, disparava anátemas em direção dos agentes de mercado e da mídia?

Ninguém tinha certeza.  Analistas mais atentos percebiam que, embora uma posição mais ofensiva na guerra cambial fosse razoável, a política de desvalorização cambial era inútil sem o acompanhamento de uma política monetária ativa (que evitaria a elevação da inflação, que por si só anularia o efeito da desvalorização) e de uma política fiscal também contracionista ( que ajudaria na contenção da inflação, com menor custo monetário, e reduziria a absorção doméstica ).

Enfim o Conselheiro Bufão e a equipe do Banco Central de Saint of Paul Oco estavam fechados com a Rainha e decidiram continuar baixando os juros, pois assim reduziriam o déficit nominal do setor público, diminuiriam a atração de capitais especulativos que para lá iam se aproveitar dos juros elevados, criando um novo equilíbrio mágico com câmbio desvalorizado, crescimento forte e nenhuma inflação.  Afinal, Saint of Paul Oco, além de uma terra lendária, também era uma terra de faz-de-conta !

Faltava-lhes entender a inconsistência do conjunto de medidas.  Lá eles não conseguiam entender muito a diferença entre real e nominal e entre o que era real e o que era faz-de-conta...

Voltemos às taxas de câmbio de Saint of Paul Oco, cujos registros foram encontrados em um esgoto, por historiadores que acreditam que o tal esgoto vem direto de Saint of Paul Oco, que como vocês sabem teria chafurdado na M... há séculos atrás.  Os registros mostram que os agentes econômicos acompanhavam as medidas do BC de St of Paul Oco em busca de sinalizações sobre qual a taxa de câmbio desejada.

Haviam sinais de mudança de regime cambial, de flutuante para “bandas móveis”.   Mas, ninguém sabia ao certo qual seria esta banda.  Mas, como dito, os agentes no mercado tentam observar qual o nível de taxa de câmbio, para tomarem decisões, a partir das sinalizações do BC e do conselheiro Bufão.

Assim foi... A taxa de câmbio foi subindo de P$ 1,60 (1,60 pauls por dólar) para, 1,80, depois 1,90 e finalmente ultrapassaram os 2 pauls por dólar.  A preocupação dos agentes com a inflação começou a crescer, pois uma desvalorização cambial desta monta, simultaneamente ao relaxamento cambial e à expansão dos gastos públicos, era inconsistente. Mas, aos agentes e à mídia não cabia reclamar mas tentar entender as sinalizações.

Por volta de agosto de xx12 (o século deixamos em aberto pois registros encontrados estavam rasurados, provavelmente era ao redor de 1400 ou 1500), o dólar já custava mais de 2 pauls, e o BC e o Conselheiro da Rainha haviam parado de atuar, então a taxa de câmbio começou a cair.  Em 12 de setembro daquele distante ano, quando a taxa de câmbio ameaçou romper a barreira de 2 pauls para baixo o BC fez um leilão de swap, “comprando dólar” e contendo a valorização cambial.  Parecia certo: embora não pudesse se dizer de que forma alguma haveria mais valorização, a sinalização era de a taxa de câmbio deveria ficar acima de 2 pauls.

Por alguns dias, já que a taxa de câmbio não subia, o BC continuou a fazer swaps e a rolar sua posição comprada.  Parecia inequívoco, a taxa de câmbio desejada era acima de 2 pauls.

Como parecia uma certeza, os agentes passaram a se planejar, baseados na nova realidade.  Empresas investiram, algumas montaram equipes para exportar...  A inflação começou a subir, mas isto era culpa das pessoas que continuavam a comer apesar da safra ruim no hemisfério norte.  O conselheiro bufão, chegou a pensar em decretar uma dieta compulsória para reduzir o consumo de grãos e segurar a inflação...  Foi quando o Lobo Mal, de nosso país de faz-de-conta, outro conselheiro da Rainha deu a ideia: vamos baixar o preço da energia elétrica, assim, além de melhorarmos a competitividade, vamos também baixar a inflação.   A rainha decretou três dias de festa, por conta desta maravilhosa ideia, apesar dos baixos investimentos no setor elétrico e na certa escassez de oferta de energia...

A taxa de câmbio continuou a subir e chegou a bater 2,10 pauls por dólar. Foi quando o BC decidiu vender um pouco os dólares que havia comprado.  Os agentes pensaram entender o recado, o câmbio de “conforto” era entre 2 e 2,10 pauls.

Mas, aí a surpresa !!  O BC que comprara três meses antes o dólar a 2,01, 2,02 pauls, e vendera ao redor de 2,10, 2,07  - e por isso se vangloriavam de sua mega hyper máster esperteza – e que conseguira que a taxa de câmbio momentaneamente se estabilizasse ao redor de P$ 2,03 – P$ 2,04, decidiu “rolar” suas vendas, sinalizando aos estúpidos agentes que pensavam que tinham entendido a política cambial, que a taxa de câmbio ainda não havia caído suficientemente... Recado dado, recado entendido: a taxa de câmbio em Saint of Paul Oco caiu abaixo de 2 pauls !!!

Os historiadores ainda estão analisando os registros encontrados e não sabemos ao certo como a estória do câmbio em Saint of Paul Oco acabou. Mas, até onde eles puderam apurar, naquela época, as empresas que pensavam em começar a exportar, começaram também a rever seu planejamento...

Não bastasse a confusão no câmbio, a confusão da política econômica já havia se espalhado em relação as políticas monetária e fiscal.  Quanto a política monetária, já havia ficado claro que o enredo da ópera bufona ignorava os instrumentos clássicos (taxas de juros e compulsórios) dando ênfase a administração de preços.  Historiadores mais experientes, mas que ainda não tinham conseguido descobrir evidências sobre o que aconteceria posteriormente em Saint of Paul Oco, lembravam que histórias similares em países da superfície acabaram muito mal.

Em relação à política fiscal, embora os resultados reais não fossem ruins, o que assustava a todos era a falta de clareza. Todo o tipo de artifício para torná-los mais atraentes foi utilizado para cumprir com as metas almejadas.  O Jeca Tatu, personagem de um importante escritor brasileiro, e que parece ter passado por Saint of Paul Oco, em sua simplicidade sagaz perguntava a si mesmo: não era mais fácil simplesmente dizer a verdade !!

O consenso entre os estudiosos das lendas de Saint of Paul Oco e de economistas que desenvolveram teses a partir delas diz que o maior problema era a perda de credibilidade. Além dos aforismos óbvios do tipo credibilidade é difícil conquistar, fácil de perder, impossível recuperar, o problema da credibilidade relacionada à política econômica era muito mais simples: quanto menor a credibilidade maior o esforço necessário da política econômica.

A questão da credibilidade funciona mais ou menos como no caso de um pai e um filho. Quando o filho entende claramente a educação que recebe e acredita no seu pai, um simples olhar basta para que ele pare de fazer arte.  Quando o pai não tem moral, não adianta esbravejar e gritar que o moleque não para. Por fim o pai agride o filho que pára, mas fica achando que o pai é um fdp  e fica a espera do pai sair da sala para voltar a se comportar mal.     Na política econômica, se por exemplo o Banco Central goza de credibilidade, assim como no Brasil (né?), para controlar as expectativas inflacionárias é necessário apenas uma pequena ação.  Num país onde o BC não goza de credibilidade para conter as expectativas ele possivelmente terá de realizar grandes movimentos nas taxas de juros...

Imaginem o que aconteceu em Saint of Paul Oco ....

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A tragédia e os políticos: mais um desabafo!


Na hora da tragédia os governantes aparecem. Largam tudo o que tinham ou não tinham para fazer e correm para as câmeras, choram, se mostram preocupados...
Falsidade !!!   Primeiro por que a presença deles nada acrescenta.  Segundo: é a omissão do setor público a principal culpada pela tragédia.  Um estabelecimento sem alvará, sem condições, funcionando normalmente. O que a prefeitura e o estado fizeram para prevenir a tragédia?   Muito triste perder entes queridos desta maneira. Quem já perdeu pessoas muito próximas, e de maneira inesperada, sabe que a dor não se apaga.  Não adianta políticos agora posarem como que preocupados com o povo e que tudo farão.... Eles já deixaram de fazer, vidas foram perdidas!
Aí eu me pergunto por qual razão adiaram a "comemoração dos 500 dias para a Copa" que seria hoje... E eu penso, com uma esperança vã, de que talvez ainda haja um pouco de vergonha na cara destes governantes inúteis que dirigem nosso país, nossos estados e nossas cidades.  E que, talvez, por um momento eles tenham percebido quão absurdo é gastar bilhões em estádios para uma COPA, enquanto milhares de pessoas morrem por causa do descaso público.
Pena, que esta esperança seja realmente vã.  Por que como costumo dizer, nossos políticos se preocupam mais com a imagem do que com a ação. E, infelizmente, com a desculpa de levar conforto - como se de fato conforto houvesse - aos familiares, o que estes políticos fazem é apenas mais um culto à própria imagem. Lágrimas de crocodilo, ávidos pelas próximas vítimas!! Vítimas da corrupção e do descaso, que morrem em boates que não deviam funcionar, vítimas que morrem em corredores de hospitais que deveriam funcionar...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A Sociedade Excrescente – Parte II



As vezes, é fácil entender por qual razão certas DOENTAS precisaram mentir sobre sua titulação em economia pois provam que desta matéria nada entendem.  Nem o meu professor de Economia do colegial (que tinha o sugestivo nome de Cid Banks Moreira)  a aprovaria!

Ontem, continuando a saga do “MAIS FÁCIL PARECER DO QUE FAZER” começou-se a perpetrar mais um crime contra a razoabilidade econômica.  

Tenho acompanhado diariamente os níveis dos reservatórios e conversado com amigos que acompanham as projeções de pluviosidade de longo prazo.  Não vai haver racionamento neste ano !  Quanto aos apagões, é outra estória do mesmo livro de fábulas da incompetência.  Mas, o sistema está operando próximo do limite, logo baixar tarifas neste momento é dar uma sinalização errada, que vai provocar aumento de consumo e aumentar o risco.  Além disso, para conseguir “baixar a inflação” e mostrar que “tão cagando e andando”, pois energia não nos falta, o governo, para garantir esta redução, aumentará seus gastos, conforme notícias, em mais R$ 5,5 bilhões por ano!!

Baixar preço de ativos escassos é pedir pelo aumento da escassez !!

De certa forma é a repetição do que se faz com a gasolina. Segura-se o preço, aumenta-se o consumo, importa-se cada vez mais e certa empresa de petróleo passa correr o risco de ter seu “rating” rebaixado enquanto precisa rever seus investimentos.  Tal situação se agrava, quando se olha para a Balança Comercial e vê-se que o volume de importação de petróleo (ué, aquele outro não disse que éramos autossuficientes na produção de petróleo ???) contribuir significativamente para um dos maiores déficits comerciais em um mês de janeiro... Parabéns, seus CORNOS !.    Mas, fiquem felizes, pois para quem não percebe, parece estar tudo bem.  Afinal é este o lema: “MAIS FÁCIL PARECER DO QUE FAZER”.

A nova no jornal é 'Vôos regionais terão R$ 1 bi em subsídios do governo" !! ????  Fico até confuso, não sei se uso exclamações ou interrogações para uma estupidez desta magnitude.  Será que este mesmo “1 bi” não seria melhor gasto em novas estações de metrô, que resultaria em muitos mais beneficiados?   A pergunta é retórica, já que a estupidez é clara. De novo, parece que faltaram a primeira aula de “INTRODUÇÂO A ECONOMIA” quando se discute qual o objeto da economia. Uma definição clássica é  :  “a economia é a ciência que trata da alocação de recursos escassos tendo em vista necessidades ilimitadas”.  Em síntese, um bom economista se preocupa com a melhor alocação possível dos recursos... Acho que estes estúpidos que comandam o país ainda não chegaram neste ponto...

Enquanto isso, nos jornais, mais crimes praticados por criminosos foragidos, após o benefício de indulto em uma data qualquer.  E ouço certo indivíduo no rádio (este outro rebotalho parece fazer parte de algum governo também) dizendo que a solução é escalonar os indultos ????   Não seria mais lógico e óbvio perceber que vivemos em momento de exceção e que as facções que controlam os presídios provocam os beneficiários de indulto a cometerem crimes e, portanto, simplesmente acabar com o benefício ???     

- Sidão além de mal humorado você não se preocupa com os direitos humanos ?  

A minha resposta é simples:  pare, pense !  O maior direito humano é o da vida! Logo, aqueles que atentam contra a vida devem ser exclusos de forma definitiva da sociedade!!

A saga das idiotices governamentais vai além da questões judiciárias e econômicas.  Passa pelo povo.

O povo,  PQP!!   O que mais me irrita é o ativismo imbecil.  Pior que um estúpido, só um estúpido cheio de ideias.  Em SP, uma das mais modernas e que ganha destaque na mídia pautada é o CICLOATIVISMO.  Aí vem um corno e morre atropelado andando de bicicleta na av. Paulista na faixa de ônibus. O desgraçado é sempre o motorista de ônibus. Agora ninguém pára para pensar: Quantos ônibus e quantas pessoas estão nos ônibus, lotados, quentes, e que precisam reduzir a velocidade por que só 1 bonitinho quer andar de bicicleta, achando que tá ajudando o meio ambiente???  

A lógica é fácil. Uma bicicleta economiza a gasolina de um carro. Perfeito. Normalmente, este indivíduo que anda de bicicleta em grandes e avenidas centrais mora a menos de 10 km do seu destino, o que graças ao trânsito, de carro este idiota, levaria 30 minutos.  Então ele pega a bicicleta e anda pela Av. Paulista, forçando os ônibus a reduzirem ou a avançarem para a faixa da esquerda fazendo com que os carros das outras faixas também reduzam a velocidade.  Supondo que  apenas 100 carros sejam afetados e que cada um só perca 30 segundos, veremos que o conjunto das outras pessoas ficou um total de 50 minutos a mais no trânsito... Logo o imbecil economizou 30 minutos ao custo de 50 minutos para a sociedade... E vejam, não considerei que um ônibus no horário de pico pode ter mais de 50 passageiros, aí a conta seria bem pior !!!

Mas, é lindo andar de bicicleta na Paulista as 9 horas da manhã numa segunda-feira, não é?  Políticos de todas as partes de mobilizam a favor dos ciclistas, afinal dá votos !! Parece que eles – os políticos – estão fazendo algo para melhorar a cidade.   “MAIS FÁCIL PARECER DO QUE FAZER”.   Estes estúpidos poderiam ler – esqueci que grande parte deles se orgulham de não gostarem de ler – Lester R. Brown (um dos economistas mais respeitáveis na área de desenvolvimento sustentável e líder do WorldWatch Institute – vale a pena conferir na internet), e perceber que a experiência com bicicletas em grandes cidades está ligada à uma ótima estrutura de transporte público, ou no outro extremo, como alternativa à total falta de recursos.   Sem me alongar no assunto, o ponto é a OBRIGAÇÃO PÚBLICA é garantir transporte público de qualidade aos cidadãos o cicloativismo além de não resolver cria uma desculpa e uma aparência de que o estado tá trabalhando.. Mas, não está !!!

São inúmeros os exemplos da falta de vergonha dos cornos que nos governam e cujas soluções paliativas vêm ao encontro de ativistas (Movimento dos Sem Teto e dos Sem Terra por exemplo).  É o caso por exemplo da ocupação irregular de áreas. Funciona assim. Uma pessoa pobre e necessitada precisa de moradia. Moradia esta que o estado não lhe provem, já que estão ocupados em darem subsídios ridículos, com mensalões, com as festas nos palácios, com passeios de helicópteros, com a corrupção.  Aí o indivíduo ocupa, por exemplo, uma área de proteção ambiental na Serra do Mar.  O Estado se omite.  Deixa o indivíduo lá. Assim, ninguém reclama.   Quando o adensamento da ocupação irregular chega no extremo e os indivíduos começam a reclamar o estado vai lá e urbaniza a serra do mar !!!! (para quem tiver curiosidade e oportunidade, quando forem de SP para Santos, peguem a via Anchieta onde poder-se-á ver, no meio da serra uma placa do Governo se vangloriando de gastar X milhões na “REURBANIZAÇÃO DA SERRA”.  E quem reclama ?  E eu fico tentando entender por que que eu odeio o Alckmin....

To be continued...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A SOCIEDADE EXCRESCENTE



Aprendi a gostar de ler lá pela oitava série do ginásio. Mas, meu primeiro livro de “economia” eu havia lido muito tempo e várias vezes antes: “O Manual do Tio Patinhas”.  Ali aprendi a gostar de economia.  Foi então que os dois gostos se encontraram. 

Minha preferência eram os títulos ligados à economia monetária, entre eles os que mais gostei “Moedas e Bancos”, do Lopes e do Rosseti, hoje em dia publicado com o nome de Economia Monetária, e o livro do Gudin.   Um dia li o livro do Galbraith (John K.) sobre a crise de 1929 e reconheci um autor que me acompanharia pela vida.  O livro dele que mais me marcou chamava-se “A Sociedade Afluente”.

Em “A Sociedade Afluente”, Galbraith, descreve como as “elites” dominam o pensamento e fazem valer sua vontade.  Ao pensamento dominante ele chamou de “saber convencional”.  Ele mesmo um anticonvencional assumido (ele se declarava “liberal”, o que nos EUA tem um sentido de “esquerdista” ou não convencional), percebia que o poder do “saber convencional” era neutralizar as críticas, pois quem criticasse, mais do que de excêntrico poderia ser taxado de burro.

Enfim, para variar, acordei mal humorado!  E enquanto caminhava pensando na vida, no Brasil, no meu mal humor, me lembrava de uma época em que eu gostava de pensar o mundo e me lembrei da dedicatória de um amigo, dos tempos de colegial, em um livro, citando o Legião Urbana: “até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo, quem roubou nossa coragem ?”    

Nos últimos tempos, quando olho para trás, sinto que troquei o tema de minha vida.  Do rock da adolescência pelo pagode... “deixa a vida me levar.  Vida, leva eu !!!”.    Lembro de ir trabalhar  - mesmo já sendo Trader e tendo posições consideráveis em derivativos e ações – vestindo uma bata do Black Sabbath, tênis Bamba velho e surrado e, simplesmente não ligar para politicagem empresarial, tocando o trabalho com o máximo bom humor.   Ninguém jamais me via ficar mal humorado no trabalho.  Por outro lado, eu era extremamente combativo, trabalhava horas a fio, com prazer, com alegria...

Mas, eu acho que o tempo passou... Percebi que mesmo trabalhando e estudando, as vezes muito mais que todos, eu precisava ser “convencional” para “subir” na carreira...  Comecei a mudar, a seguir a convenção... E hoje vejo que não sou mais feliz com o que faço, como faço. Perdi meu humor, a paciência.  E não estou feliz...

De qualquer maneira, este texto não é para “desabafar”, mas, talvez o início de uma reviravolta, começando o dia com uma crítica mais ácida à nossa sociedade: A SOCIEDADE EXCRESCENTE!  

As “sociedades” sempre viveram de aparência.  Regras elaboradas de etiqueta serviam e servem para separar nobres de pobres, quando não simplesmente para colocar os pobres em seus lugares.  Mas, recentemente, no Brasil, está se levando este conceito no limite,  o mote governamental devia ser: “MAIS FÁCIL ENGANAR, QUE FAZER !”.

O Governo não dá educação de qualidade à todos. Mas, dá “COTAS”.  Com isso a “canalha governamental” finge melhorar as oportunidades.  Neste caso, como já descrevi neste blog, vemos que na verdade o governo não só mascara a sua sem-vergonhice, como dá tiro no alvo errado, criando uma nova elite de privilegiados, em grande parte filhos de funcionários públicos (civis e militares) que estudam em colégios federais, enquanto os pobres das periferias continuam alijados, presenteados em SP, com o programa de educação continuada, que garante que “até um analfabeto pode ter diploma”.   Queria aproveitar a ocasião para mandar um abraço pro Alckmin, pro Chalita, pra Dilma...

Mas, enfim, sem fazer nada, mas enganando muito, aparecem os movimentos sociais. A propósito, vou fazer um “break”, dedicado especialmente aos sindicatos, as centrais sindicais e as entidades de classe. Antes, contudo, uma pergunta: quem dos poucos leitores se sente representado pelo seu sindicato ou sua entidade de classe?   Se por acaso, alguém respondeu que realmente se sente representado pelo sindicato, faço-lhe outra pergunta: Você sabe à qual Central Sindical seu sindicato é afiliado?

Alguém sabe quantas são as “Centrais Sindicais” e quais são?  Eu não sei, mas aqui vai algumas delas:  CTB, CGTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT.   Acho que há tantas centrais, quantos partidos... Qual a razão disso?   Não é uma razão, mas duas.  A primeira e mais importante é a fatia da Contribuição Sindical, cobrada compulsoriamente de trabalhadores e empregadores e que serve para sustentar uma elite de párias que fingem nos representar (esta é a segunda razão).  Fingindo nos representar, recebendo dinheiro fácil, nos fazem acreditar que as decisões do governo são discutidas com a sociedade.  “MAIS FÁCIL ENGANAR, QUE FAZER”

 Para que servem algumas ONG’s.  Para “representarem” a sociedade civil.  Mas, grande parte delas recebe dinheiro do governo, isto é, de nosso impostos.  Mas, quem lhes transfere a titularidade é o governo, logo a quem a lealdade das ONG’s é garantida ?  ONG, por definição é NÃO GOVERNAMENTAL, logo não deveria receber dinheiro de governo.  Lógico que há muitas ONG’s descentes, mas mesmo assim não deveriam receber dinheiro do governo.  A desculpa dos governos para dar dinheiro para ONG´s é que elas fazem o que ele – governo – devia e deixa de fazer. Como resultado disso, se pesquisarmos na internet, veremos inúmeros casos de desvios de verbas e de corrupção. Em compensação no orçamento público veremos que muitas verbas foram destinadas “à sociedade”, ainda que seja para a “sociedade dos amigos corruptos”!!! 

Na gestão da economia, também estão sendo usados velhos hábitos, sobre o novo mote:”MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.  Assim falam na desoneração de folhas de pagamento, mas não se extingue de uma vez por todas (extinguir significa dar fim e não substituir por outras formas, ou mudar o nome) as contribuições sindicais, pois isso, acabaria com a mamata de certos companheiros e se destruiria um grande instrumento para controlar a sociedade. 

Voltemos à economia e a coisa do “ENGANAR”.   Para parecer que a inflação não está explodindo, criou-se o contingenciamento de aumentos de tarifas, para garantir que a inflação convirja para meta de forma não linear, sem ultrapassar o teto.  Então, certa empresa de petróleo pode ter prejuízos, mas o aumento da gasolina só ocorrerá quando houver “espaço” nos índices de inflação.  As tarifas de ônibus de SP e RJ subirão apenas quando for conveniente para a gestão das metas de inflação. O metrô de SP – não sei por quê mas cada vez mais odeio nosso governador – também só terá suas tarifas aumentadas quando for conveniente para as metas inflacionárias.  Desta forma, a inflação, já elevada e com risco de sair de controle, parece domada.  “MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.

O lema é levado ao extremo.  Vemos mensaleiros condenados e a sociedade comemora !!  Aconselho ler a entrevista do juiz, condenado na operação anaconda, para o jornal O Estado de São Paulo do domingo passado.  Lá, ele cita caso de assassinos condenados a menos de 5 anos de prisão, conta que deu consultoria no presídio e fala que sua condenação teve a ver com certo homicídio de um ex-prefeito na região do ABC. A mídia, a TV, quer nos fazer crer que todos estão sendo finalmente punidos! Fiquemos felizes por sermos enganados, enquanto  o aparente beneficiário maior das verbas não contabilizadas e do mensalão continua solto e bonachão.  Enquanto condenados, assassinos cruéis, estão foragidos, depois de receberem indultos, matando mulheres grávidas, crianças e quem quer que lhes cruze a frente.  Nada mudou na justiça brasileira. “MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.

O texto está ficando longo e imagino que metade dos leitores (os 12 ou 13) do blog já desistiram de lê-lo...  Então vou ao ponto: qual foi a rede de televisão que questionou o julgamento do mensalão e ausência de certos réus potenciais?  Quais ONG´s e órgãos da mídia que discutem ou questionam publicamente a impunidade no Brasil?  O que você tem recebido de serviço público e que o deixa contente?   Quem explora isso? Quem realmente nos representa e nos defende?
To be continued.....