segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Crescimento Medíocre: O que os economistas não entenderam


Quando olhamos o PIB por item, vemos que as piores variações são da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo = Investimentos), Consumo do Governo e serviços.




Vemos que o pior desempenho é o dos Investimentos.  Há duas razões para isso, de um lado o mercado imobiliário, ainda forte, mas que desacelerou.  A outra razão menos evidente é a taxa de câmbio. Neste ponto, muitos se confundem.

Os investimentos no Brasil são fortemente dependentes da importação de bens de capitais, sendo assim, um aumento na taxa de câmbio reduz, a priori, os investimentos.  Além disso, as barreiras – principalmente tarifárias – para a captação externa reduziu importante fonte de financiamento e tendo em vista que o financiamento externo é uma importante fonte de capital, a desvalorização da moeda afeta o custo dos investimentos !

Além da política cambial ter jogado contra, temos a questão das expectativas, que foram impactadas pelos discursos confusos dos policy makers, recheados de  voluntarismo, e de brados contra certos segmentos. É sintomático o caso das concessões no setor de energia, mesmo que comemorado pela FIESP, a forma e a confusão do anúncio pareceu uma agressão às concessionárias.   Certamente, há razão em se rever o modelo e detalhes das concessões, mas, a postura precisa ser construtiva e não combativa, sob pena de se afugentar investidores.   As medidas antes de serem implementadas precisam ser debatidas e extensivamente estudadas, até para que, não seja necessário revê-las, como está sendo o caso agora.

Discursos agressivos e voluntaristas afugentam o investimento.

O segundo grupo com pior desempenho foi o de serviços. “O setor de serviços cresceu 1,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Influenciada pela redução do spread bancário e da taxa de juros Selic, bem como o aumento da inadimplência, a intermediação financeira e seguros recuou 1,0%, seguida pelo transporte, armazenagem e correio (-0,7%). As demais atividades registraram crescimento: Administração, saúde e educação pública (2,7%), serviços de informação (2,3%), outros serviços (1,7%), serviços imobiliários e aluguel (1,5%) e comércio (1,2%).”  (fonte IBGE)

Vemos no texto do IBGE que a “intermediação financeira” puxou o desempenho do grupo para baixo.  Interessante é observar que este segmento foi um dos que mais sofreu com “intervenções” da política econômica ativista.  Não podemos, entretanto, deixar de observar que parte deste desempenho negativo provém de certos bancos que sofreram intervenções ou que estavam/estão apresentando resultados negativos.

Como tem virado praxe, seguindo o conselho de um amigo, não vou alongar mais o texto.    A mensagem que eu quero passar é que o PIB cresceu pouco por uma simples razão: excesso de voluntarismo governamental!




2 comentários:

  1. Bom.Vou divulgar seu blog aos meus alunos. Está muito instrutivo!
    Vampire

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  2. Querido colega economista, entendo quando fala da taxa de cambio e barreiras tarifarias para investimento externo. Entretanto, temos ainda que analisar o dinheiro que entra so para especulação. Vamos combinar, que especulação é necessária mas em demasia ela prejudica o investimento do país. Concorda com esta demenda. O problema é a dosagem sempre a dosagem, o caminho do meio. Dificil isto. Fato é como acreditar e investir em algo que é muito volatil, a decisao governamental hoje é baseada em que?
    Vampire

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