terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A SOCIEDADE EXCRESCENTE



Aprendi a gostar de ler lá pela oitava série do ginásio. Mas, meu primeiro livro de “economia” eu havia lido muito tempo e várias vezes antes: “O Manual do Tio Patinhas”.  Ali aprendi a gostar de economia.  Foi então que os dois gostos se encontraram. 

Minha preferência eram os títulos ligados à economia monetária, entre eles os que mais gostei “Moedas e Bancos”, do Lopes e do Rosseti, hoje em dia publicado com o nome de Economia Monetária, e o livro do Gudin.   Um dia li o livro do Galbraith (John K.) sobre a crise de 1929 e reconheci um autor que me acompanharia pela vida.  O livro dele que mais me marcou chamava-se “A Sociedade Afluente”.

Em “A Sociedade Afluente”, Galbraith, descreve como as “elites” dominam o pensamento e fazem valer sua vontade.  Ao pensamento dominante ele chamou de “saber convencional”.  Ele mesmo um anticonvencional assumido (ele se declarava “liberal”, o que nos EUA tem um sentido de “esquerdista” ou não convencional), percebia que o poder do “saber convencional” era neutralizar as críticas, pois quem criticasse, mais do que de excêntrico poderia ser taxado de burro.

Enfim, para variar, acordei mal humorado!  E enquanto caminhava pensando na vida, no Brasil, no meu mal humor, me lembrava de uma época em que eu gostava de pensar o mundo e me lembrei da dedicatória de um amigo, dos tempos de colegial, em um livro, citando o Legião Urbana: “até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo, quem roubou nossa coragem ?”    

Nos últimos tempos, quando olho para trás, sinto que troquei o tema de minha vida.  Do rock da adolescência pelo pagode... “deixa a vida me levar.  Vida, leva eu !!!”.    Lembro de ir trabalhar  - mesmo já sendo Trader e tendo posições consideráveis em derivativos e ações – vestindo uma bata do Black Sabbath, tênis Bamba velho e surrado e, simplesmente não ligar para politicagem empresarial, tocando o trabalho com o máximo bom humor.   Ninguém jamais me via ficar mal humorado no trabalho.  Por outro lado, eu era extremamente combativo, trabalhava horas a fio, com prazer, com alegria...

Mas, eu acho que o tempo passou... Percebi que mesmo trabalhando e estudando, as vezes muito mais que todos, eu precisava ser “convencional” para “subir” na carreira...  Comecei a mudar, a seguir a convenção... E hoje vejo que não sou mais feliz com o que faço, como faço. Perdi meu humor, a paciência.  E não estou feliz...

De qualquer maneira, este texto não é para “desabafar”, mas, talvez o início de uma reviravolta, começando o dia com uma crítica mais ácida à nossa sociedade: A SOCIEDADE EXCRESCENTE!  

As “sociedades” sempre viveram de aparência.  Regras elaboradas de etiqueta serviam e servem para separar nobres de pobres, quando não simplesmente para colocar os pobres em seus lugares.  Mas, recentemente, no Brasil, está se levando este conceito no limite,  o mote governamental devia ser: “MAIS FÁCIL ENGANAR, QUE FAZER !”.

O Governo não dá educação de qualidade à todos. Mas, dá “COTAS”.  Com isso a “canalha governamental” finge melhorar as oportunidades.  Neste caso, como já descrevi neste blog, vemos que na verdade o governo não só mascara a sua sem-vergonhice, como dá tiro no alvo errado, criando uma nova elite de privilegiados, em grande parte filhos de funcionários públicos (civis e militares) que estudam em colégios federais, enquanto os pobres das periferias continuam alijados, presenteados em SP, com o programa de educação continuada, que garante que “até um analfabeto pode ter diploma”.   Queria aproveitar a ocasião para mandar um abraço pro Alckmin, pro Chalita, pra Dilma...

Mas, enfim, sem fazer nada, mas enganando muito, aparecem os movimentos sociais. A propósito, vou fazer um “break”, dedicado especialmente aos sindicatos, as centrais sindicais e as entidades de classe. Antes, contudo, uma pergunta: quem dos poucos leitores se sente representado pelo seu sindicato ou sua entidade de classe?   Se por acaso, alguém respondeu que realmente se sente representado pelo sindicato, faço-lhe outra pergunta: Você sabe à qual Central Sindical seu sindicato é afiliado?

Alguém sabe quantas são as “Centrais Sindicais” e quais são?  Eu não sei, mas aqui vai algumas delas:  CTB, CGTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT.   Acho que há tantas centrais, quantos partidos... Qual a razão disso?   Não é uma razão, mas duas.  A primeira e mais importante é a fatia da Contribuição Sindical, cobrada compulsoriamente de trabalhadores e empregadores e que serve para sustentar uma elite de párias que fingem nos representar (esta é a segunda razão).  Fingindo nos representar, recebendo dinheiro fácil, nos fazem acreditar que as decisões do governo são discutidas com a sociedade.  “MAIS FÁCIL ENGANAR, QUE FAZER”

 Para que servem algumas ONG’s.  Para “representarem” a sociedade civil.  Mas, grande parte delas recebe dinheiro do governo, isto é, de nosso impostos.  Mas, quem lhes transfere a titularidade é o governo, logo a quem a lealdade das ONG’s é garantida ?  ONG, por definição é NÃO GOVERNAMENTAL, logo não deveria receber dinheiro de governo.  Lógico que há muitas ONG’s descentes, mas mesmo assim não deveriam receber dinheiro do governo.  A desculpa dos governos para dar dinheiro para ONG´s é que elas fazem o que ele – governo – devia e deixa de fazer. Como resultado disso, se pesquisarmos na internet, veremos inúmeros casos de desvios de verbas e de corrupção. Em compensação no orçamento público veremos que muitas verbas foram destinadas “à sociedade”, ainda que seja para a “sociedade dos amigos corruptos”!!! 

Na gestão da economia, também estão sendo usados velhos hábitos, sobre o novo mote:”MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.  Assim falam na desoneração de folhas de pagamento, mas não se extingue de uma vez por todas (extinguir significa dar fim e não substituir por outras formas, ou mudar o nome) as contribuições sindicais, pois isso, acabaria com a mamata de certos companheiros e se destruiria um grande instrumento para controlar a sociedade. 

Voltemos à economia e a coisa do “ENGANAR”.   Para parecer que a inflação não está explodindo, criou-se o contingenciamento de aumentos de tarifas, para garantir que a inflação convirja para meta de forma não linear, sem ultrapassar o teto.  Então, certa empresa de petróleo pode ter prejuízos, mas o aumento da gasolina só ocorrerá quando houver “espaço” nos índices de inflação.  As tarifas de ônibus de SP e RJ subirão apenas quando for conveniente para a gestão das metas de inflação. O metrô de SP – não sei por quê mas cada vez mais odeio nosso governador – também só terá suas tarifas aumentadas quando for conveniente para as metas inflacionárias.  Desta forma, a inflação, já elevada e com risco de sair de controle, parece domada.  “MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.

O lema é levado ao extremo.  Vemos mensaleiros condenados e a sociedade comemora !!  Aconselho ler a entrevista do juiz, condenado na operação anaconda, para o jornal O Estado de São Paulo do domingo passado.  Lá, ele cita caso de assassinos condenados a menos de 5 anos de prisão, conta que deu consultoria no presídio e fala que sua condenação teve a ver com certo homicídio de um ex-prefeito na região do ABC. A mídia, a TV, quer nos fazer crer que todos estão sendo finalmente punidos! Fiquemos felizes por sermos enganados, enquanto  o aparente beneficiário maior das verbas não contabilizadas e do mensalão continua solto e bonachão.  Enquanto condenados, assassinos cruéis, estão foragidos, depois de receberem indultos, matando mulheres grávidas, crianças e quem quer que lhes cruze a frente.  Nada mudou na justiça brasileira. “MAIS FÁCIL ENGANAR QUE FAZER”.

O texto está ficando longo e imagino que metade dos leitores (os 12 ou 13) do blog já desistiram de lê-lo...  Então vou ao ponto: qual foi a rede de televisão que questionou o julgamento do mensalão e ausência de certos réus potenciais?  Quais ONG´s e órgãos da mídia que discutem ou questionam publicamente a impunidade no Brasil?  O que você tem recebido de serviço público e que o deixa contente?   Quem explora isso? Quem realmente nos representa e nos defende?
To be continued.....

2 comentários:

  1. Acho bem conveniente seu comentário. Só para você ficar mais nervoso ainda. Estou perplexo com o sistema de cotas. já achava uma droga, mas fiquei mais indignado ainda. Não tem comprovar que você é afrodescente. Se voce descente de russo, se você de olhos azuis disser que é descente de afro. Você é e ponto. Para quem são estas cotas para os negros, como vou comprovar minha afrodescedencia, pela cor? que preconceito, que discriminação, que horro! Sou favoravel que se o estatdo quer privilegiar alguém que seja o aluno do ensino público, que a cota seja para este aluno, independente da cor, da raça. Estou P* da vida, como fazem leis e não fazem cumpri-las, como fazem leis e não tem como controlar, como fazem normas e não administram. è o tiro que sai pela culatra. Coisa inadmissivel, uma lastima, lamentavel muito lamentável. Gostaria de sugerir a todos os candidatos que declarecem que são afro e ai, como fica? que coisa horrorosam o governo padencendo de cerebro deveria entrar na cota e estuda um pouco.
    Vampire

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  2. governo novo, ideia nova mas os mesmos erro anteriores, ou melhor, aprimorados.
    Country bleeds
    People dance, sing and celebrate the news, the discounts.
    Lets do it.
    Bleed.
    Vampire

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