Lá em Saint of Paul Oco havia uma tradição
secular: ao final de todos os anos os políticos sentavam-se em uma roda, colocavam
ao centro tudo que roubaram durante o ano e dividiam entre si. Os critérios da divisão não são muito claros,
ainda que alguns sejam óbvios. Ganha mais quem sabe mais, ganha mais quem teve
mais votos e acima de tudo, ganha mais quem conseguir ludibriar mais.
Esta
tradição, em Saint of Paul Oco, começou há muitos séculos, talvez na época dos
Corais Hereditários. De qualquer forma,
sua origem não importa. O que importa
são os contornos atuais, segundo os especialistas em lendas das terras
submersas.
O
primeiro fato relevante é que para o sistema funcionar é necessária a ausência
de ideologia. Então fica claro que, ninguém será capaz de diferenciar um partido
do outro, exceto pelas cores e símbolos das suas bandeiras. A segunda condição é que os meandros da
justiça sejam confusos e complexos suficientemente para que a ralé não os
compreenda e para que haja subterfúgios suficientes para que ninguém seja
condenado.
Enfim,
Saint of Paul Oco estava submerso, tal qual Atlântida, em local desconhecido. A
única maneira de achá-la seria através do faro, não muito aguçado, capaz de
reconhecer o parfum L’eau de Merde 13-45. Segundo especialistas em perfumes e lendas de
Saint of Paul Oco o L’eau de Merde já teve várias nuances de odores com números
variando entre 11 e 51. Dizem que, na
época da Nova Maré, período como ficou conhecido o governo após a ditadura submarina, o preferiro era o
L’eau de Merde 15...
O
que sabemos é que o nome Anuário, apesar de inapropriado, foi escolhido pois o
apelido que ameaçava pegar “ANUZÃO”, passava a sensação de que os políticos
estavam “cagando e nadando” na cabeça da ralé marinha.
Eis que, reflexo de uma nova maré
marinha, resultado talvez do El Nino ou do aquecimento global, o anuário chegou
aos ouvidos do povo. Especialistas
maledicentes do folclore de Saint of Paul Oco dizem que, na verdade, o escândalo
teria emergido pois certo amigo, ex-pseudo-combatente exorcista dos males
capitalista, do Polvo Ignóbius, teria
tentado tomar posse de todo o bolo. Evidente que estudiosos sérios do folclore
Pauloquino sabem que esta teoria é mentirosa, já que nem Anuário existia, o que
existira foi, apenas e tão somente, recursos não contabilizados de campanhas.
Como resultado do suposto
vazamento das falcatruas, que não existiam, em resposta ao clamor público, o
STM (supremo tribunal dos mares) teria sido obrigado a levar a julgamento
alguns dos protagonistas da estória.
Sabia-se que a mídia classificara o julgamento como o julgamento do ano,
e que a glória e a honra do STM estariam em jogo (não que alguém duvidasse da
glória e da honra do STM). Infelizmente,
de novo, se perderam os Tomos da estória que relatavam o resultado do
julgamento, deixando os estudiosos em polvorosa.
Felizmente, Jeca, um capiau
mineiro, possuidor de grande sabedoria, conhecedor e contador de causos e
lendas, depois de termos tomado algumas pingas (6 ou 7 cada um) me
confidenciou: a busca pela descoberta do resultado do julgamento é uma grande
bobagem, já que nenhum Rei de Saint of Paul Oco seria condenado (posto que
nenhum estava relacionado entre os réus) e o status quo dos políticos e da política seriam
mantidos. Apenas o Anuário mudaria de
nome para FPC (financiamento público de campanhas)....
Parabéns ótimo texto.
ResponderExcluirVampire