Todas as eleições
vemos analistas políticos de diversas matizes comemorando o show da
democracia e a demonstração de cidadania dos brasileiros. Vemos
também o TSE comemorar o sucesso das eleições. Isso é real?
Primeiro dado óbvio:
27% dos eleitores do país ou não compareceram ou votaram em branco ou nulo.
Se considerarmos a população total, veremos que menos de 55% da
população votou. Isso significa que qualquer candidato que tenha
tido menos do que 90% dos votos válidos não contou com a aprovação
da maioria da população. SHOW DE CIDADANIA!!!
Outra falha em nosso
processo “democrático” é a obrigatoriedade do voto. Pode uma
“eleição democrática” ter voto obrigatório? É uma
inconsistência lógica! Mas, não é a única.
Nossas “eleições
democráticas” também contam com trabalho escravo. Neste sentido,
talvez a inspiração advenha da Grécia Antiga, berço da
democracia, onde a escravidão era coisa natural. Eu, por exemplo,
trabalhei nas eleições, mesmo tendo declarado explicitamente que
não queria.
Para trabalhar nas
eleições, você ganha R$ 22,00, para que você possa almoçar. É
uma paga aparentemente “justa”, né? Considerando que você não
tem sua condução paga (custo de no mínimo R$6) e que você
trabalha das 7:00 até as 17:30 horas, com direito a uma hora de
almoço. Isto significa que, um mesário recebe menos que um
salário mínimo, além de ter seu domingo perdido...
Há alguma
diversão em trabalhar nas eleições. Afinal, já que você está
lá, não adianta ficar emburrado, é preciso tentar se divertir.
Sem me perder em devaneios sobre diversos tipos e comentários que
desfilam durante o dia, vale ressaltar o tom geral, ao menos na minha
seção, de desilusão. Muitas pessoas não sabiam em quem votar,
e perguntavam nossa opinião... Outras não sabiam o número dos
candidatos... No corredor ouvimos um indivíduo declarar que ainda
não tinha feito sua opção entre a M... e a B... (preencha os
pontinhos com sinônimos de fezes).
Enfim, mesmo entre os
votos válidos, uma parte razoável foi voto de repúdio (ao
adversário) ou foi uma escolha sem convicção, talvez um voto no
menos ruim... Houveram com certeza votos sem nenhum objetivo,
votou-se neste ou naquele simplesmente por que havia de se votar em
alguém.
Piores são os
votos convictos, baseados na falta de informação, já que – pelo
menos eu não vi – nenhuma rede de TV fez um dossiê imparcial e profundo dos
candidatos. Os debates não passam de jograis, onde um pergunta o
que quer e o outro responde o que quer, com tempos cronometrados...
Saudades dos debates antigos...
Quanto à propaganda
se criou a ideia que campanha boa é aquela que não agride,
apresentando apenas propostas que nunca serão cumpridas, ou apenas
óbvia. Afinal, todo candidato vai melhorar a saúde, a educação,
a moradia, o transporte, etc... O passado e as alianças são
detalhes que não mereciam ser tocados. Eu, toda vez que via na TV
alguém falando que esperava um debate limpo, me enchia de
convicção que assistir ao debate seria perda de tempo. Na minha
opinião, o embate deveria ser procurado e não evitado, pois assim,
ficariam aparentes a índole e a história de cada um.
Mas, para encerrar,
vamos aos custos da eleição. Ou ao que chamo da democracia
construída com meu bolso.
- Fundo Partidário em 2011: R$ 265 milhões. Esta verba é repassada aos partidos políticos não para campanhas, mas como “ajuda de custa” às maquinas partidárias. Se considerarmos que há eleições a cada 2 anos, isto implica, que o governo repassa ao redor de R$ 530 milhões para os partidos por eleição. Quantas vagas adicionais poderiam ser oferecidas em universidades federais com este dinheiro ? Pergunta idiota. Deixa o dinheiro com os partidos, e vamos dar cotas para enganar os otários !!!!
- Horário Político “Gratuito”: Para quem acredita nesta balela de gratuidade, quero avisar “gratuito porra nenhuma”. Eu paguei uma parte dele, assim como todos contribuintes... O horário gratuito é pago com isenções fiscais para as redes de televisão, e segundo o portal R7, este ano custará aos cofres públicos a mera quantia de R$ 606 milhões. Afora não ser democrático o fato de sermos obrigados a assistir ou ouvir o horário político obrigatório. Será que não seria melhor gastar este dinheiro construindo “metrô”???
- Custos da Eleição: Estimativas mostram que o TSE gastará ou gastou ao redor de R$ 800 milhões este ano com as eleições. Parte disto, para nos lembrar que, temos lei da ficha limpa, que o voto é obrigatório e para nos dizer como somos excelentes cidadãos. Eu fico revoltado com cada propaganda do TSE, que nos custa dinheiro e não agrega nada. Comemorar a Lei da Ficha Limpa é comemorar o “cidadão-idiota” e a “falsa-democracia” onde precisamos de uma lei para nos ajudar a votar !
- Trabalho nas eleições: além da afronta à democracia e ao direito do cidadão que é feito escravo por 1 ou 2 dias, o custo é repassado quando possível ao empregador que é obrigado a dar 2 dias de folga ao empregado por cada dia trabalhado nas eleições. Difícil calcular o custo, mas certamente ele se soma ao tal “custo brasil” que ajuda a definir o preço dos produtos que você encontra nas gondolas do supermercado. No meu caso, ao menos, este custo é só meu, afinal se eu faltar os 4 dias “a que tenho direito” eu é que me estrepo, pois ninguém vai pagar por isso.
Está mais que na hora
de acabar com o voto obrigatório, com o serviço eleitoral
obrigatório e transformar o país numa real democracia. Está na
hora de parar de se dar dinheiro a partidos (que além disso discutem
o financiamento público de campanhas) e de se gastar grandes somas
com a festa lúgubre da pseudo democracia.
Não faria sentido Lei
da Ficha Limpa, se fosse dada educação suficiente ao povo para que
ele fosse capaz de escolher livremente seus candidatos.
Quem ganhou as
eleições? A DESILUSÃO !!